domingo, 31 de janeiro de 2016

PASSAMENTO DO PROF. NICANOR RISCH, NOSSO PARANINFO


MORRE FUNDADOR DO CURSO DE AGRONOMIA DA URCAMP

Foi com extremo pesar que a comunidade acadêmica da Urcamp recebeu a notícia, nesta sexta-feira, 29, do falecimento do professor Nicanor Antônio Risch. Fundadordo Curso de Agronomia da Universidade, ele ia completar 90 anos no mês de agosto.
Natural de Palmeira das Missões, o Engenheiro Agrônomo, formado em 1951 pela UFRGS, de Porto Alegre, se considerava bajeense de coração. Na Urcamp ingressou em 1970 e foi o principal nome durante a articulação que permitiu a implantação da Agronomia na cidade, curso em que lecionou até o ano de 2010.
Como professor foi responsável pelos laboratórios de Fitopatologia e Parasitologia e lecionou as disciplinas de Administração de Cooperativas Rurais, Fitopatologia, Biologia, Botânica, Fitossanidade, Defesa Fitossanitária, Cooperativismo, Morfologia Vegetal.
No ano passado o professor Risch foi o principal homenageado durante a Semana Acadêmica da Agronomia, que marcava os 45 anos de fundação do curso para a região. Em sua fala, emocionou a todos os presentes quando destacou que sentia falta dos alunos e que a agronomia era a sua grande paixão.
Assim que soube do falecimento a Reitora Lia Quintana decretou luto oficial de três dias na Universidade. “O professor Risch foi um homem que só plantou coisas boas. Exemplo de ética, tranquilidade e dedicação. Cumpriu sua parte aqui conosco, agora o velhinho lá de cima estava precisando dele”, destacou consternada a gestora.
Nicanor Antônio Risch tem duas filhas que trabalham na Urcamp, Ana Luiza Cabral Risch, que leciona no Curso de Medicina Veterinária e Lúcia Helena Cabral Risch da Silva, responsável pelo setor de registros acadêmicos da Universidade.
O seu neto Fernando Risch, jornalista formado pela Urcamp, deixou uma homenagem ao avó em seu blog. Abaixo o texto na íntegra:
"A NOITE EM QUE ME DESPEDI
A cidade dorme nessa noite. Pergunto-me se eles sabem o que está acontecendo. Claro que não, mas deveriam. Talvez nem metade o conheça, mas sua importância é ímpar nessa sociedade. Meu peito explode de ansiedade esperando pela notícia que nunca chega, que eu não quero que chegue, mas que chegará. Ele vai partir. Todos iremos, é nossa única certeza inevitável. Pergunto-me se já não foi e a mensagem que tarda, e que eu gostaria que tardasse ao infinito, só não tenha sido passada por um capricho humano – ou descuido. Mas isso não importa mais.
Pergunto-me se ele imaginou que aquela viagem à praia seria sua última, que o mar, acostumado a visitar sua vastidão em quase nove décadas, jamais molharia suas canelas com água salobra de novo. Acredito que isso tenha lhe ocorrido no caminho de volta, em um suspiro conformado. Para tudo há uma última vez, o triste é saber quando o é. Partilhar os pêsames em doses de angústia ajuda a aliviar o luto, mas nada cura a perda.
Relembrar os reclames os tornam irrelevantes. Mais que isso, viram motivo de saudade. Olhar aqueles vidros em conserva e imaginar que nunca mais serão feitos. A última safra. Uma relíquia disputada a tapas e com ofertas monetárias exorbitantes por apreciadores, todos querendo ter pra si o último gosto do último pingo de vinagre, e que antes apenas tinham que depositar pequenas quantias invisíveis no banco da amizade.
O abalo será grande. Tenho certeza que até a mais hipócrita das almas se recuperará do tombo do caráter para lhe prestar um último amém. Já estou de joelhos, só preciso que me empurrem ao precipício. A vida é isso. Há de se aceitar. Na noite que a cidade dorme, eu não dormirei. Nos autos da história, nunca se esquecerá quem é – porque não deixa de ser – quem foi e quem sempre será, guardado no coração daqueles que te amam e sempre amarão.
* Ao meu avô, Nicanor Antônio Risch, que nos deixou hoje, aos 89 anos." (Fernando Risch)
Produção
ASCOM URCAMP
Reportagem
CHRYSTIAN RIBEIRO
Fotografia
JEFERSON VAINER

Fonte:Urcamp